terça-feira, 7 de abril de 2015

Criança Perdida

Escrever nunca foi um desafio. Sempre gostei de me expressar por meio de um lápis ou caneta.Enquanto pequena, meu refúgio encontrava-se marcado em folhas de papel e a mancha de um grafite. Porém, de um tempo para cá, recebi uma proposta: Descrever meu eu interior. Externar a criança perdida dentro de mim. Confesso que esquivei-me e fingi não lembrar da atividade pelo simples fato de não querer encarar a realidade. Eu não sabia o que relatar. Digamos, em termos claros: Bloqueei possíveis pensamentos, possíveis lembranças. Não me pergunte o porquê. Aqui  estou, terminando um parágrafo, enrolando meu leitor e ainda não cumpri o combinado.

OOK! Vamos ver... Cresci na área urbana. Vivenciei o cotidiano de crianças urbanas. Escola, casa, amigos, cama. Minha mãe, na época, era dona de casa e passava a maior parte do tempo comigo. Consequência disso: Uma Carla extremamente apegada em laços familiares e com um terror tremendo de escola. (As pessoas ainda lembram disso! O.O) Tadinha da minha mãe. Todos os dias, durante UM ano, SIIM, UM ano! Ela me acompanhou nas aulas. Eu chorava muito e essa "separação" não foi bem aceita por essa que vos fala.Quando os fins de semana chegavam, viajava com a minha família para a Serra, mais precisamente, Ipê. Provavelmente você deve estar pensando: Ipê? Existe esse lugar? ACREDITE. Cidade pequena, aproximadamente 6.016 habitantes, área de 599,247 km². Um tanto quanto pitoresca. Preza os costumes trazidos pela imigração italiana e é de uma beleza imensurável. Pois é, os melhores momentos da minha vida, até hoje, eu devo a esse lugar. Perdida em meio às árvores e aos bichos, com a companhia dos meus primos e irmã eu vivi, brinquei e me diverti, intensamente, cada minuto da minha infância. Era lá que eu me encontrava. 

Casa cheia, avós com sorriso que não cabiam no rosto e a brisa leve de um ambiente tranquilo.Tudo que eu queria. Compartilhava de uma felicidade tão grande, mas tão grande que é inevitável que as lágrimas não escorram ao partilhar tais lembranças. Com o passar dos anos, fui desenvolvendo e amadurecendo. Tomando decisões e sendo formada como pessoa. Dentro de mim, ainda encontra-se uma menina insegura. Capaz de achar perguntas e suposições onde não existe. Profissionalmente, me realizei. Na vida amorosa, nem tanto. -Tudo beem tenho só 17 anos kkkk- Acredito que, com o passar dos anos, continuarei procurando aquela antiga Carlinha, que rasgava suas roupas ao atravessar cercas e potreiros. Que apenas um fim de semana bastava, para recarregar suas energias e enfrentar o mundo real. O mundo onde crescer dói. Em que perder seu avô dói mais ainda. E imaginar- se longe de casa da medo. Contudo, todos passamos por isso e a saudade é a comprovação de que cada momento vivido foi bom e valeu a pena.

Querido Leitor, se você me ver cantarolando pelos cantos e rindo ao olhar para a chuva, pode acreditar: Estou apaixonada ou encontrei, novamente, aquela sapeca menina, perdida no tempo ou esquecida na alma. Essa que, nem os anos ou a maior tempestade me impossibilitará de reencontrar e reviver, intensamente, até o resto de minha vida. 

Um comentário:

  1. Parabéns, és escritura pura! Teu blog iniciou muito bem...poético demais; bom demais. Continua, persevera! Tens um futuro promissor nas Letras. Orgulho-me de poder fazer parte disso. Beijo!

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