terça-feira, 26 de junho de 2018

Sensacionalismo barato


Escrito inspirado a partir de algumas vivências minhas do ano passado. Trabalho incentivado pela minha professora de letras Sabrina Vier. 

Era assim que eu me sentia. O cabelo bagunçado, o corpo malcuidado, caída e sem vontade. Era assim que eu me sentia. Todas as manhãs não tinha vontade de sair, as vezes “rolava” até choro porque eu continuava a insistir: Eu não estava bem e era assim que eu me sentia. Alguns me davam força, outros diziam que eu não iria aguentar. O lugar não era bom e eu acredito que isso pode transformar. Afinal, acredite, meu leitor, era exatamente assim que eu me sentia.
Formada no magistério, cheia de gás, como uma criança com a boca cheia de doce. Feliz. Ingressei nessa vida nova.... Foi então que aconteceu. Vários me perguntavam, o que tu tens que passas tão rápido? Que bicho te mordeu? Eu fugia. A pressão era grande, o medo maior ainda. Me comparava com um estudante no final de domingo e olha que eu gostava de ir à escola... Das cores que saíam de mim, ao sorriso que orgulho-me apresentar no rosto. Nada mais estava aqui! Era assim que eu me sentia. Pode parecer exagero, como um sensacionalismo que consumimos por aí, mas acredita em mim, era assim, assim mesmo que eu me sentia. Pensei em desistir, no entanto, “gringa” não foge da luta. Ou foge também.... Quem pode dizer? Todavia eu, eu não queria!
 Eu sei que aprendi. Finalizei o ano e me demiti. Ainda não entendo como mudamos tão rápido! Ou nos adaptamos. Fingimos nos adaptar. Nos acostumamos. Nos calamos. Nos enganamos. Seguimos. Para você que não entendeu nada, não se preocupe, eu também não entendi. Sabe o melhor remédio? Se dar conta. Agir! Eu saí! Hoje posso dizer, estou bem. Cultivo em mim aquela criança que ainda vê pudim em lata de leite condensado.... Antes eu não via. Tinha 18 anos e não via. Um ano. Um ano bastou para eu mudar e me dar conta que não queria aquilo para mim. Não daquele jeito. O mundo pode ser ruim as vezes, mas faz dele um lugar para ti. Te apega nisso!
Acordava de manhã. Tomava um café e ia. Carros passavam, pais de alunos chegavam e eu seguia. O sol sumia, a temperatura caía e eu fugia. Era assim que eu me sentia.

Obrigada, Laura

Relato postado em uma rede social, no dia 24/05

Hoje a manhã não foi totalmente boa. Recebi nos dez primeiros minutos de aula,  duas notícias bem tristes relacionadas com dois alunos meus... Precisei amparar o choro,  mesmo sem saber como lidar com a situação. Eram olhos que miravam em mim a espera por um consolo que não estava preparada para dar. O choque foi grande,  mas a força sempre vem. Porque o abraço,  ainda hoje,  é a melhor opção. O estar junto. Duvido encontrar alguém que goste de viver sempre sozinho. Somos pessoas que precisam do todo,  dos outros... E mesmo que me digam que solidão é a resposta,  eu digo que não. Que só gente complete a gente. Hoje a manhã não foi totalmente boa,  mas tudo nos faz crescer. E nos faz lembrar. E não nos deixa esquecer que o choque pode ser grande,  no entanto,  a força sempre vem. Obrigada,  Laura!





Regenerar o melhor em nós

Quando pequena,  as férias de verão eram uma euforia. Ir na Vó Emília significava quase um sinônimo de "liberdade ". Eu podia fazer o que quisesse... Era acompanhada das mais loucas e divertidas sensações. Presenciava descobertas e autodescobertas.. Desde o escorregar na grama com folha de bananeira;  até o desbravamento das "florestas" e terras distantes.  Os clubinhos das primas,  piqueniques,  butiás e coquinhos. Tudo era tão maravilhoso,  mas tão mágico,  que as horas voavam. Tinha riacho gelado e tanque mais gelado ainda. Afinal,  todo mundo sabe que : criança querendo aprontar não sente frio! Era sangue suga no pé e mosquito para todo lado!O encantamento nunca se perdia. Ao tardar dos dias,  eu ia me esquecendo daquilo que apertava o coração e,  aos poucos, " me tinha de novo". Nessa foto,  minha amada prima/irmã @milavbortoli registrou a euforia dessa que vos escreve. Me vejo ainda aquela menina quando me deparo com esse retratamento. A felicidade em rememorar tanto momento bom,  faz com que eu viva isso de novo. Tá aí,  um lugar de sentido... Precisamos buscar aquilo que regenera o melhor em nós.  Eu encontrei o meu . Ali vivenciei o q faltava. 🍃🌼



terça-feira, 19 de junho de 2018

Desacomodar


Estou sentada no carro. Da janela, vejo vários carros que passam sem cessar, de um lado para o outro. Tento imaginar a vida dessas pessoas que estão dentro de seus automóveis. Alguns conversam alegremente, gesticulam e dão risada. Outros permanecem quietos, vidrados. Meu pai acaba de me chamar. Olho rapidamente pela janela e vejo: um caminhão tombado. Várias pessoas em volta, me incentivando a divagar. O que a pessoa dentro desse caminhão estava fazendo? Não quero me acostumar. Gosto de imaginar. E esse casal de idosos? A senhora olha para nosso carro que parte, velozmente. Meu pai alimenta esse costume. Imagino a desaprovação da idosa. Vejo uma menina que viaja sozinha, concentrada, pensativa, compenetrada. Será que ela se sente como um estudante no final de domingo? Meu pai me olha pelo espelho, finge que não o faz, mas eu vejo que faz. Imagino o que está pensando... Ou não imagino também, homens são bem imprevisíveis... Vários carros seguem seu rumo ao norte, nós dobramos à direta. 

Tem também aqueles veículos com vidros foscos, escuros e neles meu divagar voa alto... Que tipo de pessoa trafega ali dentro? Que vida se esconde atrás desses vidros negros? Que história, que medo, que angústia, que felicidade esse carro guarda? A faixa da direita é tranquila, passamos por vários animais e plantações. Eu teimo em dizer que a vida monótona nessas casas solitárias me levaria à loucura! Vejo o ciclista deixar seu corpo ao ápice, determinado e forte. No acostamento, percebo moças que esperam para desempenhar seu “trabalho”? Seguimos a linha reta, o caminho preciso. Vamos para casa. Os meus pensamentos? Ah, eles são a companhia para a mente, o meu lar. Porque eu não quero, não quero mesmo me deixar acostumar. Prefiro sonhar e seguir olhando pela janela. A vida passa e eu não posso me acomodar.




quarta-feira, 13 de junho de 2018

Pura música

18/05/2018

O dia está chuvoso. Cheguei na parada de ônibus faz alguns minutos. Meio dia e meio. No banco, um jovem canta tocando seu violão, seu humilde violão. A música fala sobre Deus, quase uma súplica ao Pai. Ele está aqui, insistente. Ninguém o vê, ninguém dá atenção. Todos escutam. Seu canto é alto, muito alto mesmo. Meio desajeitado, seus dedos criam notas, criam vida a pouca vida que o "paradão" tem. Olho para ele e desvio o olhar. Sou como todos. Até que a música para e alguns observam. Eis que uma corda de seu violão rompe. Seu potinho não tem nada e, agora, sem aquela corda, a promessa é escassez a tarde inteira. Escassez nesse dia de chuva. Nada está o atrapalhando. Tímido, inicia outra canção. Alguns olham, eu olho. Vejo uma mulher que lia algum tipo de narrativa abrir a bolsa. Ela se compadece com o que vê.
Também me aproximo dele, envergonhada e pensativa. O que dizer sobre os planos de Deus? Da simplicidade do artista a minha frente ao cartaz que dizia: me ajude a comprar meu violão. Afinal, era só isso que ele queria. Pura música.



Para quem quiser ajudar, a crônica deu origem à ação! Segue o link da vaquinha para quem quiser contribuir com esse sonhador! 

https://www.vakinha.com.br/vaquinha/uma-ajuda-ao-jovem-cantor-do-paradao-de-nh